Ana Maio

A Embrapa Pantanal publicou recentemente a série Documentos “Monitoramento  socioeconômico dos assentamentos Mato Grande, Taquaral, Paiolzinho e Tamarineiro II, Corumbá, MS: 2005 a 2011”. O trabalho, elaborado pelos pesquisadores Aldalgiza Campolin (in memoriam), Alberto Feiden e Frederico Lisita, traz um retrato da situação vivida pelos assentados. Os dados foram levantados durante diagnóstico participativo realizado entre 2006 e 2009, período em que os estudiosos tiveram uma aproximação bastante intensa com esse público.

A publicação recorda que as ações da Embrapa Pantanal nos assentamentos começaram em 1995. A metodologia incluiu, entre outras técnicas, entrevistas semiestruturadas com 54 famílias. O resultado mostra as principais dificuldades enfrentadas por elas, as possíveis causas dos abandonos de lotes, a precariedade de transporte, abastecimento de água e acesso à educação, entre outras.

De acordo com a publicação, a maioria dos assentamentos foi instalada há mais de 20 anos e apenas 12% das famílias residem nos locais há mais de 15 anos. “A evasão, no entanto, não implica em esvaziamento dos assentamentos porque normalmente os lotes são vendidos ou ocupados por outras famílias”, escrevem os autores.

No período avaliado, a população era relativamente jovem, com quase 52% na faixa etária de até 25 anos. A média de pessoas por família era de 4,5 e a de filhos por família, de dois. O estudo revela que os assentamentos de Mato Grande e Taquaral eram os mais estáveis em termos de permanência da população assentada.

Em relação às dificuldades com transportes, o levantamento mostra que a maioria das famílias não possuía, na ocasião, veículo automotivo para se locomover e para transportar a produção. Os principais meios de locomoção eram automóveis fabricados entre 1976 e 1994 (11%), carroças (38%), motos (14%) e transporte coletivo (37%).  Apesar do uso de transporte privado, não era incomum as famílias perderem parte da produção colhida para comercialização em função das precárias condições das estradas.

A pesquisa identificou ainda potenciais produtivos para os assentamentos, caso fossem solucionados problemas mais graves, como a questão da água e o acesso aos locais. A produção de alimentos e a produção florestal para extração legal de lenha e madeira foram apontadas como algumas possibilidades.

De fato, mais recentemente, com a melhoria do abastecimento de água e de algumas estradas rurais, a produção de hortas em transição agroecológica ganha espaço em assentamentos da região, como o 72, de Ladário (MS), acompanhado pela Embrapa e pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Acompanhe o raio X completo sobre os assentamentos na Série Documentos nº 144, da Embrapa Pantanal. Ela está disponível no site da Unidade (www.embrapa.br/pantanal), no link “Publicações”.

Por corumbaonline