Professores de Manaus, Amazonas, que realizavam uma reunião para organizar manifestações contra o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), receberam uma visita inesperada – três Policiais Rodoviários Federais armados- que foram ao local para saber quem eram os organizadores do ato. A intervenção aconteceu ontem (23) à tarde.

A reunião estava marcada para ser realizada na sede do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Amazonas) às 17h. Os policiais chegaram ao local às 16h30. O presidente visita Manaus amanhã (25), pela primeira vez depois de eleito.

Segundo reportagem publicada pelo site UOL, os relatos foram compartilhados nas redes sociais. Um dos professores que participava da reunião, Yann Evanovick, que também preside a Frente Brasil Popular no Amazonas, relatou o momento em que encontrou os PRFs. “Eu havia acabado de sair da sala para beber água e me deparei com os policiais e a ponta de uma metralhadora. Cheguei a pensar que eles eram do sindicato dos policiais e de repente estavam ali para aderir ao movimento. Fomos falar com eles e eles falaram que estavam cumprindo ordem do Exército Brasileiro”, disse ao UOL.

Yann explicou aos policiais que o ato era pacífico e teria como pauta manifestações contrárias ao “desmonte da educação”, “pela defesa da Amazônia e da Zona Franca de Manaus”. “Disse aos policiais que o que eles estavam fazendo na sede do sindicato era um ato atípico. E eles responderam que, para eles, o que nós estávamos fazendo é que era atípico”.

Os policiais entraram em uma das salas do sindicato e fizeram um ‘interrogatório’ de meia hora. Os questionamentos eram sobre o ato e quem eram os organizadores. O professor relatou que os presentes na reunião foram cordiais com a PRF.  “Nós dissemos que aquela ação não era normal e que iríamos falar sobre isso nas nossas redes sociais, e eles riram”, afirmou Yann ao UOL.

Depois da saída dos policiais, os professores realizaram a reunião. O diretor do Sinteam, professor Gilberto Ferreira estava presente no evento e relatou versão semelhante ao site de notícias. “Eles disseram que vieram a mando do Exército Brasileiro e foram gentis. Nós também”, afirmou. Ele classificou a ‘visita’ como “um retorno dos momentos que uma manifestação pacífica tem que estar acuada pelas Forças Armadas”.

O UOL conversou com advogado e professor de Direito Constitucional da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Yuri Dantas Barroso. Segundo ele, eventos como a visita de um presidente da República requerem planejamento prévio das forças de segurança, mas estranhou a presença “ostensiva” de policiais armados e o interrogatório no sindicato.

“Não me recordo de já ter visto qualquer coisa parecida desde que a Constituição Federal passou a garantir o direito de reunião, de livre expressão do pensamento e de manifestação de ideias”, afirmou ao UOL.

Exército nega ordens

A assessoria de comunicação do CMA (Comando Militar da Amazônia) emitiu nota ao UOL negando que tenha determinado a diligência no sindicato. “O Comando Militar da Amazônia desconhece a realização da suposta reunião, bem como não reconhece qualquer ordem oriunda de suas Unidades para tal. Cabe destacar que, o Exército Brasileiro atua com base nos princípios da legalidade, estabilidade e legitimidade”, diz a nota.

A assessoria de comunicação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foi procurada por telefone pelo site de notícias para se manifestar sobre o assunto. Um policial de plantão informou que não estava autorizado a responder aos questionamentos por telefone e qua assessoria de comunicação poderia ser procurada na manhã desta quarta-feira (24).

Por corumbaonline

Sair da versão mobile