Nos seis municípios de Mato Grosso percorridos em uma semana pelas chefias e representantes da Embrapa Pantanal, as reuniões, palestras e visitas que abordaram
tecnologias produzidas pela instituição para o desenvolvimento do bioma pantaneiro reuniram um público de aproximadamente 600 pessoas. O Ciclo de Palestras com pesquisadores da Embrapa foi realizado no início de agosto por meio de uma parceria entre a unidade de pesquisa, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Mato Grosso (Senar – MT).“Levamos palestras que os representantes dessas instituições selecionaram a partir de uma visita que fizeram com os sindicatos rurais do estado à nossa unidade de pesquisa, em Corumbá (MS), no mês de abril. Das apresentações que realizamos sobre nossas linhas de pesquisa, eles elegeram as que foram levadas para o MT”, afirma o chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. “Nessa viagem, conseguimos prospectar quais são as principais demandas do setor produtivo pecuário. O que nos deixou muito satisfeitos foi perceber que as principais demandas são praticamente as mesmas linhas de pesquisa da Embrapa Pantanal, o que mostra a aderência da nossa carteira às necessidades dos pantaneiros”.
Áreas de interesse
De acordo com Lara, há possibilidade presentes e futuras para a transferência de tecnologias aos produtores do estado vizinho. Entre os temas que despertaram o interesse dos produtores estão as técnicas para inseminação artificial em tempo fixo (IATF), a desmama precoce e o uso de pastagens cultivadas e nativas. Outro tópico que gerou grande expectativa foi a aplicação do software Fazenda Pantaneira Sustentável, capaz de “medir” o grau de sustentabilidade nas propriedades do MT. Segundo o analista de pecuária da Famato, Marcos de Carvalho, três fazendas foram selecionadas para realizar esse trabalho durante o período do ciclo de palestras.
As propriedades “piloto” estão localizadas em Cáceres, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antônio de Leverger, diz. Carvalho conta que a primeira delas está inserida em uma área de transição do Pantanal, tem cerca de sete mil cabeças de gado, é razoavelmente tecnificada e já utiliza tecnologias como a desmama precoce. A segunda fica na região do médio Pantanal, tem bastante vegetação nativa e lotação baixa de cabeças de gado por hectare. A última das fazendas trabalha com a produção de leite e também utiliza tecnologias variadas para aprimorar a produtividade. “No ciclo de palestras, outros produtores já manifestaram o interesse na FPS, querendo participar”, afirma o analista.
O presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Jeremias Pereira Leite, destaca o interesse dos produtores locais em aproveitar nas fazendas os conhecimentos elaborados por meio da pesquisa em áreas como a alimentação animal na seca, uso das raças localmente adaptadas (bovino e cavalo Pantaneiro), diversificação produtiva (com a inserção de atividades como a apicultura na propriedade), tecnologias de manejo bovino em áreas inundáveis e produção de mudas e sementes de pastagens. “À medida em que consolidarmos as tecnologias na propriedade, vamos multiplicando essas informações por vermos na prática o impacto que elas podem ter”, diz.
Para o diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, aproximar a pesquisa do setor produtivo é uma maneira de viabilizar soluções tecnológicas eficazes e adaptadas às necessidades do campo. “Assim, a instituição de pesquisa tem uma noção mais real das demandas e o produtor tem tecnologias de ponta. Podemos produzir mais com menos: as técnicas disponíveis hoje permitem que a gente possa abater animais mais jovens, mais pesados, utilizando – inclusive – menos área para isso”. Ainda de acordo com Vacari, representantes da Acrimat devem visitar o campo experimental da Embrapa Pantanal, a fazenda Nhumirim, nos próximos meses.
Carlos Augusto Zanata, gerente técnico do Senar-MT, cita os protocolos de desmama precoce como uma das técnicas que deverão ser repassadas para os cerca de 350 multiplicadores da instituição – que atingiram, em média, 50 mil participantes em cursos, capacitações e eventos em 2016. “Um dos grandes resultados dessa parceria é a Embrapa poder transferir conhecimento aos técnicos do Senar para que eles dêem continuidade à transmissão dessas informações aos produtores”, afirma. Jorge Lara avalia que a sinergia entre as instituições favorece a elaboração de políticas públicas que incentivem a produção eficaz e sustentável de carne. “Vai ser um espaço em que nossos produtos poderão ser transferidos e avaliados em relação ao impacto que vão causar na economia e sustentabilidade da região”.