O desempenho eleitoral geralmente é medido pelo somatório das performances individuais dos candidatos deste ou daquele partido ou Federação. Como resultado final, tudo bem. É isso mesmo. Fizemos tantas cadeiras no Legislativo, conquistamos outras tantas para o Executivo.

Mas a pergunta essencial é: o que os partidos e/ou federações têm feito para contribuir com seus candidatos, para além dos recursos financeiros vindos do chamado Fundo Eleitoral?

Em última instância, a pergunta acima resulta em outra: o que estamos fazendo por nós mesmos, do ponto de vista do investimento em nosso público interno (em especial os nossos filiados), de forma a dar a eles mais do que simplesmente os recursos financeiros – cuja distribuição é sempre polêmica, por não ser corretamente regulamentada – do Fundão?

Os partidos políticos
e a relação com a sociedade

Os partidos políticos raramente têm uma boa estrutura de marketing. Muitas vezes sequer se preocupam com isso. Desta forma, é fácil entender o motivo pelo qual apenas dois, em alguns momentos específicos, três partidos contem com um percentual acima de 10% de simpatizantes entre o eleitorado nacional. Não, eu não estou falando de filiados. Estou falando apenas de SIMPATIZANTES.

Muitos vão dizer: “Os partidos políticos vivem uma crise de credibilidade no Brasil”. E estarão corretos. Mas o importante é entender a origem desta crise. Vamos listar alguns fatores importantes:

  • Falta de uma linha política e/ou ideológica definida;
  • Inexistência de coesão no momento das definições das políticas públicas nacionais, estaduais e locais (cada um vai por sua conta e nada – ou muito pouco – é feito do ponto de vista institucional para punir quem o faz);
  • Infidelidade partidária (troca-troca desenfreado de partidos, até mesmo justificado por legislações permissivas, feitas, em boa parte, pelos próprios políticos com cargos eletivos).

Vamos ficar nestes três. Eles dão conta de pelo menos 80% do espectro das causas que trazem rejeição aos partidos e que contribuem para o seu descrédito junto à sociedade. Porém, retomando a nossa temática – “Como planejar uma campanha de marketing bem-sucedida para partidos?” -, fica evidente que, como consequência deles, não há uma continuidade em políticas de sustentação de imagem institucional dos partidos.

A base para a formação de uma imagem bem-sucedida é o tripé “Identidade, Imagem, Reputação”. Se o partido não tem uma base político-ideológica sólida, já falha na origem, ou seja, na sua Identidade.

Mas sigamos como se esta Identidade existisse. Quando chegamos nos itens 2 e 3 citados acima como causas da falta de credibilidade, acentuamos aspectos que geram uma imagem negativa dos membros do partido e, consequentemente, do próprio.

Some-se a isso a série de críticas relativas ao mau uso dos recursos públicos e tenho uma verdadeira bomba nas mãos. Uma bomba que, mesmo vindo dos políticos com cargos eletivos, respinga nas agremiações partidárias que, geralmente, são dominadas por eles.

E o Marketing? Como
fica nessa história?

Os partidos recebem, mês a mês, os recursos do Fundo Partidário, que é diferente de Fundo Eleitoral. Em 2022 até mesmo mudaram uma regra anterior, e retornaram com o Fundo Partidário em ano de eleição, fazendo aumentar o bolo.

Diante de milhões e milhões de reais, o que é feito para atender à base do partido, ou seja, àqueles que querem, de alguma forma, crescer dentro da política e alcançar cargos legislativos e/ou executivos? De fato, bem pouco.

E é aí que entra a pergunta: O que podemos entender por uma boa estrutura de Marketing? De cara, algumas coisas devem ser observadas. Vamos pensar nas eleições de 2024, cujos cargos em disputa são os de prefeito e vereador. O que acaba ocorrendo com eles?

  • Por falta de apoio e estrutura partidária, precisam recorrer a treinamentos e orientações vindas de terceiros. Por um lado, isso é bom. Mas quem deveria estar bancando isso é o partido, por meio de seminários, mentorias etc, contratadas junto a estas organizações. A base inicial deveria ser oferecida pelo partido;
  • Candidatos que não têm entendimento do processo em que estão entrando e que, no máximo, vivem de promessas de pessoas que dominam as bases partidárias, cuja discussão passa quase que exclusivamente por: “Você vai ter dinheiro na campanha”.
  • Inexperiência nos processos eleitorais, que leva a entender que basta ter uma boa rede social e tá tudo certo. Não está. Já escrevemos sobre isso aqui.
  • Inexistência de um pensamento prévio, com a estruturação de uma base sólida de pré-campanha, que tenha como resultado final a formação de uma Reputação que facilite o processo eleitoral para os candidatos do partido.

Isso. Criar Reputação. Esta deve ser a meta. Mas não apenas para os candidatos. Deve ser a meta também para os partidos. E é isso que estamos discutindo aqui. Assim:

  • Ter uma boa relação com seus filiados;
  • Oferecer a eles informações constantes sobre as instâncias partidárias e torná-los partícipes de suas decisões;
  • Criar mecanismos de informação sobre processos legais – normas para as disputas eleitorais, por exemplo;
  • Agir sobre pré-candidatos e assessores já, ou seja, prepará-los para uma pré-campanha que possibilite menores gastos na campanha e solidez na formação de uma Reputação;
  • Investir durante todo o processo – pré-campanha, campanha, transição e posse;
  • Criar mecanismos de formação (seminários regionais por estado, por exemplo);
  • No Executivo, entender que as realidades são diferenciadas de município para município, portanto, há uma necessidade de um tratamento individualizado em diversas frentes, tais como:
    1. Diagnóstico Virtual do candidato e possíveis adversários;
    2. Planejamento Estratégico de pré-campanha e campanha;
    3. Base de Comunicação e Marketing para pré-campanha e campanha (mídias on-line e off-line);
    4. Mentorias e Treinamentos (na pré-campanha para candidatos, assessores e militância digital; na campanha acrescente-se militância de rua).

Mas você está listando coisas para os pré-candidatos? Sim. A melhor maneira de conseguir uma boa Imagem e, consequentemente, uma Reputação sólida, para qualquer organização, começa por suas ações junto ao público interno. No caso do partido, seus filiados.

E estas ações acima listadas, caso executadas com um bom acompanhamento por parte de empresas e profissionais gabaritados e especializados, como os da Alcateia Política, trará uma ação sólida, dos diversos membros do partido – entenda-se aí candidatos a prefeito, a vereador e assessores – sobre a sociedade, em diferentes estados e nos mais variados municípios.

O resultado será uma valorização da instância partidária por seus filiados e, consequentemente, uma Imagem Positiva diante da sociedade, com a formação, no tempo, de uma Reputação que traga retornos, em especial de natureza eleitoral.

João Henrique Faria é jornalista, estrategista político com experiência em mais de 100 campanhas para o Executivo e Legislativo, professor da pós-graduação em Comunicação Pública e Governamental da PUC-MG, proprietário da Fator Consultoria e cofundador/presidente do Conselho de Fundadores da Associação Alcateia Política.

Por Da Redação

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