Merece toda a atenção da comunidade, principalmente dos governos estaduais, a manifestação do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, preocupado com o emprego frequente do Exército na manutenção da segurança pública. Através do Twitter, o militar lembrou que é a terceira vez em 18 meses que as tropas federais são deslocadas para o Rio Grande do Norte com a finalidade de suprir a falta da polícia estadual em greve. Isso também ocorre no Rio de Janeiro e recentemente foi registrado no Espírito Santo. Embora existam para atuar supletivamente, o uso frequente ou continuado dessas tropas torna-se preocupante. Em vez de deslocadas em apoio, estão elas sendo levadas a substituir as polícias locais cujos integrantes, insatisfeitos, recorrem à paralisação.
            A insatisfação é uma tônica nas polícias civis e militares das 27 unidades federativas. Todas clamam por melhores salários e condições eficientes e dignas de trabalho. Os governos, seus patrões, alegam falta de recursos e, muitas vezes, recorrem a abonos e outras mágicas que em vez de resolver os problemas, acabam criando mais dificuldade. Os recursos operacionais, embora sejam frequentemente citados em propaganda oficial, são aquém das necessidades e aumentam o risco da profissão. Policiais com viaturas e armamento simples e até deficiente são levados a enfrentar as quadrilhas superequipadas e dotadas de logística como aquelas que ousam assaltar transportadoras de valores, bancos e, para garantir a fuga, metralham as unidades e viaturas policiais.
            Com parcos recursos para o trabalho, salário incompatível com o risco de sua atividade, falta de reajuste determinado por lei (como é o caso de São Paulo), o policial sente-se abandonado pelo seu empregador e, sempre que pode, migra para outras profissões ou carreiras. Os que não conseguem mudar, atuam insatisfeitos e frustrados. O número de suicídios na classe é prova disso. Sem falar da perseguição que sofrem quando ocorrem confrontos e suas atitudes são francamente contestadas pelos inimigos da corporação, muitos deles parceiros políticos do governo-patrão.
            Desde a redemocratização, as polícias têm sido prejudicadas pela postura demagógica dos governos ditos democráticos. Os governantes estaduais precisam compreender que manter a polícia em boas condições é sua obrigação. Deixá-la entregue à própria sorte é a mais perigosa das opções…
           
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br                                                                 

Por corumbaonline

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