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A Embrapa Pantanal lançou, na semana passada, três novas publicações com resultados de pesquisas ligadas à pecuária de corte, ovinos no Mato Grosso do Sul e iscas vivas capturadas por ribeirinhos no Pantanal. Todas elas podem ser acessadas gratuitamente nas bases de dados da Embrapa (os links estão disponíveis nos títulos de cada publicação, ao longo do texto). Os trabalhos trazem avanços das pesquisas realizadas pelo corpo técnico da Unidade, instalada em Corumbá (MS).

O Comunicado Técnico “Pecuária de corte no Pantanal – análise temporal e de escala do sistema modal de produção em Corumbá-MS” aponta características representativas para diferentes padrões de propriedades (relativas à área, tipo de pastagem, tamanho do rebanho, mão-de-obra empregada, fontes de renda, entre outras).

“Este artigo tem como objetivo analisar o efeito da escala de produção, a evolução da estrutura produtiva e da rentabilidade dos sistemas modais de produção no Bioma Pantanal nos anos de 2009, 2011 e 2014”, escrevem os autores Urbano Gomes Pinto de Abreu, da Embrapa Pantanal, Mariane Crespolini, Sergio De Zen, Thiago Bernardino de Carvalho, Wagner Hiroshi Yanaguizawa e Gabriel Melo Guarda, todos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Uma das conclusões do grupo de pesquisadores é que as vantagens do ganho de escala ocorrem para os sistemas modais acima de 20.000 hectares, e os casos mais delicados em relação ao retorno econômico são as propriedades intermediárias. A boa notícia é que o sistema modal da região de Corumbá apresentou melhoras expressivas entre 2009, 2011 e 2014, como avanços nos indicadores zootécnicos e aumento no número de crias por vaca.

Outro Comunicado Técnico, intitulado “Avaliação da produção e estratégia de comercialização de ovinos de corte no Mato Grosso do Sul – a experiência da PDOA”, estudou três grupos de produtores de ovinos e levantou os primeiros resultados de um processo inovador de embarque coletivo de cordeiros para abate, o PDOA (Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate). Esse processo permite escala e oportunidade de inserção de pequenos criatórios na comercialização legalizada.

Os autores desse trabalho são Urbano Gomes (Embrapa Pantanal), Fernando Reis, Lisiane Lima e Fernando Albuquerque (pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral, CE) e Ana Cristina Bezerra (diretora da Asmaco – Associação Sul-mato-grossense de Criadores de Ovinos).

De acordo com eles, os três grupos de produtores observados apontam pata diferentes níveis tecnológicos adotados em seus criatórios. O número de embarques realizados via PDOA foi crescente nos quatro anos estudados e indica a viabilidade do sistema que permite avaliar a oferta de cordeiros para abate ao longo do ano e regularizar o fornecimento de acordo com a demanda de mercado.

Iscas vivas
A pesquisadora Débora Karla Silvestre Marques (Embrapa Pantanal) é autora do Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento “Etnoecologia no comércio de iscas vivas no Pantanal”. O trabalho mostra todo o acompanhamento que ela e sua equipe vem realizando junto a diferentes comunidades ribeirinhas. O trabalho avalia coleta de tuviras, um tipo de peixe-elétrico utilizado como isca viva por pescadores no Pantanal. Segundo ela, etnoecologia é a ciência que relaciona o conhecimento desenvolvido pelas comunidades humanas sobre os recursos naturais e sobre os elementos do ecossistema onde vivem. “Mas, à parte de uma abordagem etnoecológica, para qualquer observador atento é imediata a impressão de dependência mútua entre o ambiente e as comunidades agroextrativistas como as de pescadores.”

A pesquisa mostra ainda que os pescadores de iscas poupam peixes de determinadas localidades muitas vezes por mais de um ano, com base na observação da situação local. Há uma preocupação espontânea com a sustentabilidade da atividade de coleta.

Por corumbaonline