As ações do Governo do Estado no combate aos focos de calor no Pantanal e o acompanhamento sistemático das condições de navegabilidade no Rio Paraguai, que tem prejudicado as exportações via hidrovia pelo Atlântico, tem sido fundamentais para reduzir os impactos ambientais, na qualidade do ar e econômicos no bioma pantaneiro e garantido alternativas seguras de escoamento de commodities.
A Operação Pantanal II, desencadeada com apoio das Forças Armas após decretação de situação de emergência ambiental no Pantanal pelo governador Reinaldo Azambuja, em 24 de julho, vem alcançando êxito na eliminação da maioria dos incêndios florestais. Por meio de novo decreto de situação de emergência, desta vez no meio rural das cidades pantaneiras de Corumbá e Ladário prejudicado pela seca, mais uma vez o Estado cumpre seu papel na gestão de crises.
“Os decreto de emergência e a portaria do Imasul suspendendo a queima controlada por 180 dias foram necessários diante da situação que estamos passando, onde os índices pluviométricos indicam uma estiagem mais crítica e prolongada dos últimos 30 anos, com efeitos não somente ambientais, mas às exportações de grãos e minérios pelo Rio Paraguai”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semagro (secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Socorro ao campo
A situação de emergência rural, que está sendo analisada pela Secretaria Nacional de Defesa Civil para receber o crivo federal, levou em consideração o aumento das causas de doenças respiratórias e aos indicadores climáticos, que preveem uma estiagem longa e extrema. A medida beneficia diretamente os produtores rurais do Pantanal, os quais estimam, com a seca e as queimadas, prejuízos com a falta de pasto e queda de produção do rebanho bovino.
“Mais uma vez o governador Reinaldo Azambuja atende a classe pantaneira”, afirma Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá. “Com esse decreto, estamos pleiteando uma linha de crédito especial para compra e retenção de matrizes e infraestrutura, além da prorrogação de financiamentos”, afirma. “O decreto veio em boa hora, socorrendo uma pecuária que hoje abastece o mercado com bezerros e emprega milhares de pessoas.”
Boas estradas
A falta de chuvas no bioma pantaneiro, que depende das águas das cabeceiras dos rios da bacia, afeta também outro setor primordial da economia regional: as exportações de grãos e minério de ferro pelo Rio Paraguai. O titular da Semagro estima que o baixo nível do rio, em queda diária, impedirá a saída de 40% do volume de soja previsto dos portos de Porto Murtinho este ano. Há riscos de suspensão da navegação de grandes comboios.
Com a gestão do Estado na manutenção e recuperação permanente das principais rodovias pavimentadas e de revestimento primário que integram o eixo de suporte ao sistema produtivo, segundo Jaime Verruck, Mato Grosso o Sul evita um colapso no escoamento das exportações de commodities direcionadas à hidrovia. “As exportações pelo rio estão comprometidas e as boas estradas vão minimizar prejuízos expressivos ao setor”, aponta.
“Vamos ter efeitos em outros setores, como no turismo e na produção pecuária do Pantanal. O nosso governo tem mantido uma política de apoio a estas atividades produtivas, além de monitorar toda a questão da preservação ambiental e da biodiversidade”, disse Verruck. Em relação à mineração, ele adiantou que a Vale deve escoar mais de 1 milhão de toneladas de minério das jazidas de Urucum por rodovias, devido às restrições na Hidrovia do Paraguai.
Situação crítica
Com a meteorologia indicando chuvas somente a partir de setembro na região pantaneira, os pecuaristas já recorrem a construção de açudes e poços artesianos para garantir água ao rebanho. A seca impacta a agroecologia, onde o estresse hídrico da pastagem, nativa ou plantada, afeta a condição nutricional do gado, segundo Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal. “E mesmo a dessedentação do gado pode ficar comprometida”, afirma.
O pesquisador estima que a seca deste ano será uma das piores dos últimos 50 anos. Segundo ele, o volume de chuvas, entre outubro de 2019 e março de 2020, foi menor em 40% em relação a média das precipitações para o período. O pico do Rio Paraguai, na régua de Ladário, foi de 2,06 metros, em 14 de junho, e o processo de vazante em andamento deixará o rio em situação crítica, podendo alcançar a cota zero ou negativa em meados de outubro.