O governador Reinaldo Azambuja confirmou, em reunião com representantes da Bolívia, órgãos governamentais brasileiros e da iniciativa privada (indústria e agronegócio), o interesse de Mato Grosso do Sul em adquirir, em uma primeira etapa, 3 milhões e 200 mil metros cúbicos de gás natural da Bolívia por dia. “Temos pressa”, afirmou Reinaldo Azambuja.
De acordo com o governador, cota de 1 milhão e 200 mil metros cúbicos vai suprir a termelétrica de Ladário-Corumbá e outros 2 milhões e 200 mil metros cúbicos serão destinados à Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN III) de Três Lagoas. As obras da UFN III foram paralisadas, mas o cronograma está praticamente no final e deve ser retomado em curto prazo diante do interesse de investidores chineses e russos na compra da fábrica projetada pela Petrobras, que pode logo entrar em operação.
O governador Reinaldo Azambuja destacou os avanços nas negociações, que começaram no ano passado com reuniões bilaterais em Brasília e Santa Cruz de La Sierra, com os presidente Michel Temer e Evo Morales, ministros e governadores de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além de Rondônia, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As reuniões ampliadas com a participação de órgãos técnicos e setores da iniciativa privada, segundo o governador Reinaldo Azambuja, praticamente sacramentam os acordos bilaterais. “Nós temos interesse no gás e na ureia, um insumo vital para a agricultura e a pecuária de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, lembrando que na fronteira já ocorre a cooperação nas áreas de segurança pública, saúde e cultura, restando fortalecer os acordos comerciais no setor de energia e infraestrutura.
Em relação ao gás natural, o governador Reinaldo Azambuja decidiu buscar um novo acordo diante do término do contrato do Gasbol, em 2019. Como não há interesse do Brasil em renovar esse contrato do Gasbol, que distribui o combustível em MS, parte de SP (até Campinas), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Governo do Estado encampou as negociações para a compra direta.
Reinaldo Azambuja disse que o gás natural “é vital” para a economia e mencionou que a termelétrica que está sendo construída em Ladário-Corumbá poderia, já em dezembro do ano passado, ter participado do leilão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), caso obtivesse a garantia do suprimento de gás. A Termelétrica Pantanal terá um consumo de 1 milhão a 1,2 milhão de metros cúbicos/dia.
O interesse de Mato Grosso do Sul em avançar na cooperação nas áreas de segurança pública, saúde e infraestrutura também foi destacado pelo governador, que ainda ressaltou a importância do corredor bioceânico, que “vai promover a integração e gerar oportunidades, tornando nossa produção muito mais competitiva”.
Reinaldo Azambuja disse que a integração, com a revitalização e interligação das ferrovias do Brasil e da Bolívia, vai fortalecer o processo de abertura dos mercados em toda zona do Centro Oeste da América do Sul. Para o governador, as negociações para a compra de gás natural e ureia pelos estados na fronteira com a Bolívia abrem a perspectiva para a cooperação em outras áreas, ampliando a cooperação até no campo da ciência e tecnologia do agronegócio.
O vice-ministro da Industrialização e Comercialização da Bolívia, Humberto Salinas, disse que a economia do seu país vive um bom momento e vê perspectiva em desenvolver também a agricultura boliviana com o apoio brasileiro. “As trocas comerciais devem se intensificar, temos ureia para fertilizar e o corredor bioceânico vai significar desenvolvimento para toda a população sob a influência desse caminha que liga os oceanos Atlântico ao Pacífico”, comemorou.
Salinas participou da reunião em Campo Grande acompanhado pela Analista Econômica de Industrialização e Comercialização do Ministério de Hidrocarburos, Silvia Claros, e Hugo López, diretor de Comercialização. No início do mês a delegação boliviana participou de reunião em Mato Grosso, também com o objetivo de ampliar as discussões sobre os acordos bilaterais para a compra de gás e ureia.
O encontro em Campo Grande reuniu, da parte da delegação brasileira, o economista Nelson /Fontes Siffert Filho, da área de Desestatização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); o gerente de Desenvoilvimento Técnico e Comercial da Gaspetro , Luis Felipe Basso Poli; o presidente da MS Gás, Rudel Espíndola Trindade Júnior, e toda diretoria da estatal de gás; o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, e secretários estaduais Marcelo Miglioli, de Infraestrutura, Jaime Veruck, de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Produção e Agricultura Familiar; e Jader Afonso, adjunto de Governo e Gestão Estratégica.