no Neutro. A propriedade, de 30.700 hectares de área total, destinou 10 mil ha para a integração e cerca de quase mil hectares ao novo protocolo, e ganhou no ano passado o reconhecimento científico da Embrapa Gado de Corte. O protocolo de rastreabilidade é gerenciado pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do País (CNA).

O selo valoriza o mercado interno e aumenta a visibilidade da carne brasileira com potencial para ampliar as exportações do produto.

A carne carbono neutro trabalha com os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e lavoura-pecuária (LP) para neutralizar os gases de efeito estufa emitidos pelo processo produtivo da bovinocultura de corte. Com uma criação de gado de balanço zero nas emissões.

O reconhecimento marca um novo passo da pecuária no esforço global de se produzir com o menor impacto possível ao meio ambiente.

A Fazenda recebeu na quarta-feira (10) a Caravana ILPF (Integração Lavoura-Pecuária e Floresta), uma realização da Rede ILPF e Embrapa com o objetivo de difundir e ampliar a área ILPF no Brasil e realizar diagnósticos regionais sobre a situação da Integração Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF) em diversas regiões produtoras do país.

A Caravana é uma expedição técnica, composta por especialistas, que percorrerá mais de dez estados brasileiros entre 2022 e 2023, e realiza dias de campo, palestras, oficinas, capacitações, visitas institucionais e técnicas aos diversos atores do agronegócio e diagnósticos sobre a situação da ILPF nas regiões.

“Mato Grosso do Sul está recebendo a caravana da rede Lavoura, Pecuária e floresta. Essa rede ela tem passado por vários estados e será finalizada durante esta semana aqui em Campo Grande. E hoje nós tivemos um importante evento na Fazenda Santa Vergínia que é uma referência nacional e até internacional no Sistema de integração floresta, pecuária. E é importante a gente destacar que MS é líder deste tipo de sistema de integração com mais de 2,5 milhões de hectares que adotam algum tipo de integração”, salientou o secretário de Produção Jaime Verruck que esteve junto com a Caravana na quarta-feira conhecendo a propriedade acompanhado da coordenadora de Pesquisa, Tecnologia e Inovação da Semagro, Marina Dobashi.

O secretário disse que o Estado está buscando modelos tecnológicos para fazer esta difusão. “Queremos conhecer quais os modelos mais adequados de integração para que possamos replicar isso a novos proprietários”, afirmou.

PESQUISA

A CCN foi desenvolvida pela unidade Gado de Corte da Embrapa, após quase uma década de pesquisas. Tudo começou em 2012, na Colômbia, durante um congresso sobre integração pecuária-floresta (IPF), quando um grupo de pesquisadores pensou em uma maneira de certificar a produção da carne proveniente de sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris com a mitigação dos gases de efeito estufa.

Um dos protocolos da CCN, portanto, é a integração das atividades, podendo ser IPF ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistemas em que o Brasil é pioneiro e que vêm ganhando terreno no país ano a ano. A Fazenda Santa Vergínia dedica 7.884 hectares à IPF.

A certificação da produção com emissões neutralizadas garante um preço diferenciado ao criador. O abate do gado criado dentro desse sistema foi operado pela Marfrig, único frigorífico brasileiro que apostou na iniciativa e auxiliou no financiamento das etapas finais da pesquisa.

”Hoje nós vimos um modelo de sucesso voltado novamente para as médias e grandes propriedades, onde nós vimos um foco muito claro na produção pecuária e fazendo a utilização através da produção de eucalipto”, pontuou o secretário.

Verruck destacou que a empresa firmou um acordo de cooperação até 2030 com a Embrapa em que tem exclusividade no uso da marca CCN. O acordo foi assinado em 2018 e prevê ainda que o frigorífico também pague royalties à Embrapa pelo uso do selo.

“Então também dentro da lógica do crédito do Estado do Carbono Neutro 2030 essa é uma propriedade importante dentro da estratégia que nós estamos desenvolvendo porque confirma a questão da carne carbono neutro”, acrescentou.

A neutralização das emissões do gado ocorre pelo sequestro de carbono das árvores plantadas na área. Mas o secretário salienta que não é qualquer produção em IPF ou ILPF que pode ser considerada uma CCN. Uma série de requisitos devem ser atendidos que incluem aí desde o modo de produção da carne, a qualidade e até mesmo a regularização do proprietário a regras ambientais e sanitárias.

“É importante Mato Grosso do Sul também conhecer o sistema produção já desenvolvido. Hoje verificamos todo o trabalho científico desenvolvido pela Embrapa, toda capacidade empreendedora de um modelo para essa região toda da Costa Leste. Um projeto diferenciado mantendo a produção de pecuária de altíssima qualidade. Então o Mato Grosso do Sul caminha para o Estado Carbono Neutro, mas para isso precisa fazer uma série de ações pontuais. E para isso nós consideramos que a estratégia da integração Lavoura Pecuária Floresta é a mais adequada para expansão do agronegócio do Mato Grosso do Sul”, concluiu.

Por Da Redação

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