O currículo de Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, na plataforma acadêmica Lattes mostra um acúmulo de cargos entre 1986 e 1989 que pressupõe que o então professor trabalhasse no mínimo 14 horas por dia, se revezando entre a capital do Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG) semanalmente.

Vélez Rodríguez afirma ter sido professor da UNIRIO, da UERJ, da Universidade Gama Filho (UGF) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ao mesmo tempo. Nas três primeiras, teria uma carga horária de 12, 20 e 40 horas semanais, ou seja, totalizaria 72 horas de trabalho no Rio, uma média de 14,4 por dia. Além disso, teria de viajar a Juiz de Fora (MG) para lecionar na faculdade mineira, sem carga horária detalhada.

A distância entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro é de cerca de 180 km. Os percursos internos dentro do Rio para acumular três empregos também não são desprezíveis: o campus da UNIRIO fica a 11 km da UERJ e a 27 km da UGF. A UGF, fechada há cerca de quatro anos, ficava na zona norte, bastante distante das duas outras instituições.

Questionado, o ministro da Educação disse que a carga horária cumprida nas quatro universidades em que trabalhou ao mesmo tempo não era apenas de trabalho em sala de aula, mas também de pesquisa. As universidades confirmam essa informação.

O ministro afirmou, através de sua assessoria, que a lei na época permitia esse tipo de acúmulo para servidores de universidades públicas. Quando acumular cargos sem compatibilidade de horários foi proibido, ele diz ter mantido apenas o emprego em Juiz de Fora e em outras instituições privadas.

Procurada, a UFJF confirmou que o vínculo de dedicação exclusiva só começou a valer em agosto de 2002. A UERJ, porém, diz que não tem nenhum registro de que Vélez Rodríguez lecionou lá. A assessoria do ministro não se manifestou sobre esse ponto específico. (Natália Portinari)

Por corumbaonline

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