Movidos pela cultura, costumes e crenças apresentados para homenagear o Santo responsável pelo batismo de Jesus Cristo segundo a igreja católica, milhares de pessoas desceram a ladeira Cunha e Cruz, durante os quatro dias dos festejos juninos para celebrar São João.
A passagem bíblica comemorada de forma singular pelos festeiros corumbaenses na zona portuária que já é protegida por lei, transforma-se em um grande arraial pantaneiro. De acordo com a Fundação de Cultura do município, 110 andores de São João desceram a Ladeira Cunha e Cruz desde às 17 horas do dia 23, até a madrugada do dia 24. Na noite de São João a tradição de um ritual secular deu continuidade com a descida de mais festeiros, homenageando o santo.
“O ápice da festa é a descida dos andores de mais de cem festeiros, mantendo essa nossa tradição singular”, enfatizou o diretor-presidente da Fundação da Cultura de Corumbá, Luiz Mário Cambará.
A festa, realizada de 22 a 25 de junho remonta às origens de Corumbá e, pela sua peculiaridade, foi inserida ao Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul. Atualmente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) avalia a manifestação popular de fé e devoção para compor a lista dos Patrimônio Imateriais do Brasil.
“Todo o sacrifício em fazer essa festa tradicional e cultural de nossa cidade se justifica para que tenha, sempre, um brilho especial, principalmente este ano que estamos quase fechando o reconhecimento como Bem Imaterial da Cultura Nacional. É importante para Corumbá que consigamos”, enfatizou o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira.
O reconhecimento da importância do Arraial do Banho de São João chegou em forma de seleção pelo Ministério do Turismo (MTUR) para receber recursos para ações de promoção, comunicação e apoio à comercialização da festa junina. Para esta edição da festa, vieram jornalistas e influenciadores digitais para a cidade com o propósito de incluir de forma célere a festa no Calendário de Eventos Juninos, atraindo dessa forma, olhares para a cultura da cidade, bem como o despertar do interesse em participar da manifestação cultural. A divulgação do Ministério do Turismo não tem custo algum para o município.
A representação da diversidade cultural dos festejos de São João atraiu milhares de corumbaenses e turistas para as imediações do Porto Geral. “O São João em Corumbá é incrível, o clima é contagiante não só à noite durante a festa, mas também durante o dia, é algo maior que só um evento, diz respeito a fé e o que ela representa para cada um”, disse o douradense, Alessandro Aires.
“Frequento desde pequena o banho de São João e hoje trago minha filha para vivenciar desta comemoração junto comigo. É lindo ver essa sequência, e o melhor, saber que existe a continuidade, a preservação de uma manifestação importante para nós corumbaenses”, comemorou Vera da Silva.
A economia local também foi enaltecida através dos dias de festividade. Renda extra familiar e aquecimento no setor hoteleiro favoreceu diretamente o comércio. “O São João é um dos eventos do nosso calendário cultural que juntamente com o carnaval aquecem a economia local”, comentou sobre o impacto da festa na cidade Renato dos Santos Lima, secretário municipal de Indústria, Comércio e Produção Rural.
Antônio Barreto está ajudando na barraca de saravulho pela primeira vez e se impressionou com o retorno financeiro, “a festa atinge grandes proporções e fomos pegos de surpresa com a resposta tão positiva. Todo o trabalho que tivemos valeu a pena, pois além dos lucros, vivenciamos profundamente o clima do São João de Corumbá”.
Além das delícias juninas, o público conferiu durante todos os dias apresentações de quadrilhas juninas, shows locais, regionais e nacionais. O arraial do banho de São João de 2017 foi encerrado em grande estilo com o show do grupo de forró, Falamansa.
Falamansa
É uma banda brasileira de forró formada em 1998 na cidade de São Paulo. Com a ascensão do forró nas noites da capital paulista, surgiu na cidade um movimento para atender a demanda das casas noturnas e do público adolescente, que se identificou de imediato com a dança e com o ritmo contagiante do estilo.
Além de começarem a compor suas primeiras canções logo nos primeiros meses do conjunto, Josivaldo, Dezinho, Tato, Alemão e Valdir interpretavam sucessos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, misturando sempre o chamado “forró universitário” ou “forró pé-de-serra”, com as raízes da música nordestina. Até 2001, o grupo teve mais de 1 milhão de cópias vendidas no Brasil.
O grupo não deixou ninguém parado na noite deste domingo, 25 de junho, com antigos sucessos como “Rindo a toa”, “Xote da Alegria” e “Xote dos Milagres”, à população se despediu do Arraial do Banho de São João de 2017.