Além de apoiar a luta do setor de alimentação fora de casa, a Câmara Municipal de Corumbá vai formalizar um documento contendo a pauta de reivindicações da categoria e biscar apoio dos deputados, no sentido de tentar sensibilizar o Governo do Estado, no sentido de rever as medidas adotadas por meio de decreto, e ampliar o horário de funcionamento do restaurantes e similares, até às 22 horas.

A pauta de sugestões foi entregue na sessão do Poder Legislativo na noite de ontem, 15, por Amanda Miguéis, representante do comitê formado pelo segmentos do setor. Entre os pedidos estão o retorno do horário de funcionamento até às 22 horas, conforme o decreto anterior, principalmente nos finais de semana; aumento da fiscalização por parte do Município para coibir festas clandestinas e estabelecimentos que funcionam fora do horário permitido, inclusive das aglomerações que ocorrem durante o dia; incluir um integrante do comitê no COE municipal.

Amanda acentuou que a importância da qualidade de segurança dos clientes é superior ao horário, e que “foi por isso que os bares e restaurantes de Corumbá investiram, desde início da pandemia, na biossegurança”, e que “dessa maneira, nos propomos a colaborar junto com a Anvisa, Secretaria de Saúde de Corumbá e Ladário, Abrasel e Fundação de Turismo, para criarmos um plano de reabertura dos nossos estabelecimentos comerciais de forma correta de como atuar no combate à Covid”.

Além disso, o comitê fala em prejuízos durante esse período, devido às medidas adotadas, e pede uma contrapartida: redução ou isenção de IPTU e ISS, e a disponibilização de vacinas contra o vírus à classe trabalhadora noturna.

CAOS

Amanda citou que a flexibilização é necessária para evitar a falência do setor na cidade, e que o decreto piorou ainda mais a situação. “Não somos a favor da morte, mas sim da preservação da vida. O setor de bares e restaurantes encontra-se fragilizado e desgastado há exatos 12 meses. É como se quisessem dar um ponto final no nosso setor”, ressaltou.

Alegou que o horário de fechamento às 20 horas, “inviabiliza quase que totalmente a nossa operação noturna e consequências desastrosas estão por vir. Não somos contramedidas de isolamento, somos contra as medidas isoladas em nosso setor de alimentação, sem comprovação científica ou técnica de que com o fechando, a gente vai diminuir o número de casos”.

A empresária alegou que o setor está “mais uma vez a deriva, sem rumo, sem apoio financeiro, sem saber o que fazer com nossos funcionários que são pessoas”, e, se dirigindo ao Governo, citou que “muitos de nós não vão conseguir reabrir seus negócios quando isso acabar, e que quem conseguir, vai voltar muito menor do que são hoje”.

O decreto prevê adoção de medidas por 15 dias. “Lembro muito bem o ano passado quando tudo isso se iniciou. Nos falaram que seriam apenas 15 dias. Ficamos 70 dias parados”. Para complicar mais ainda, lembrou que o sistema delivery, única opção imposta pela estratégia de continuar a economia, também está prejudicada pela internet em Corumbá. “No domingo, ficamos mais de oito horas sem sinal”.

“Também  tem aquele pequeno negócio como um carrinho de lanche ou o Açaí que não tem condições de pagar um motoboy ou acesso livre a internet, aquele vendedor de espetinho, aquele agricultor que levava verdura e leite todo dia a um restaurante. Como essas pessoas vão sobreviver? Auxílio emergencial? Quem tem fome tem pressa!”, prosseguiu.

Para finalizar, lembrou os “ônibus lotados, as filas de bancos e lotéricas, e as festas clandestinas. A falta de fiscalização e o poder da caneta vai nos matar. Todas as pessoas vão consumir no delivery e a gente se digladia entre nós! Peço encarecidamente um olhar empático pelo nosso setor! Não mate o nosso jantar!”, concluiu.

CARTA ABERTA

No domingo, o comitê publicou uma carta aberta nas mídias sociais, demonstrando preocupação com a situação atual, pedindo “diálogo, honestidade e bom senso com as autoridades e que nos afastem do espectro político, permitindo o povo trabalhar, já que estamos há um ano mantendo o distanciamento, uso de máscaras, álcool em gel e lavando nossas mãos”.

Os empresários alegam  que não “são vilões da pandemia”, que fazer a parte que lhes cabe “com muita responsabilidade”, e que “a consequência vai ser desastrosa e irreversível com essa nova redução. Demissões em massa irão ocorrer novamente. Em breve trabalhadores perderam seu sustento. A fome vai doer mais”.

Na carta, reforçaram que não há necessidade de “mais de decretos que impeçam o trabalho de forma correta, e sim de decretos contra quem está agindo de forma errada. Precisamos de vacina. Precisamos de investimentos na área da saúde, aumento de leitos, insumos, estoque de medicamentos, EPIs, dentre outros que garantam atendimento médico a todos, bem como a fiscalização contínua de festas clandestinas, churrascos e aglomerações”.

Por Assessoria de Comunicação da Câmara