Chico Ribeiro

O governador Reinaldo Azambuja propôs a formação de um grupo de trabalho, envolvendo o poder público, terceiro setor e segmentos da sociedade, para se discutir modelos de gestão visando manter a preservação do Pantanal, um dos biomas mais sustentáveis do planeta, e a harmonia entre a natureza, o homem e o boi, que se compartilham por mais de 200 anos.

“São desafios que devemos superar avançando as discussões em uma grande mesa, com todos os setores, integrando sempre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que são um único Pantanal”, afirmou o governador, ao discursar durante a abertura do 1º Seminário Internacional Pantanal, Okavango e Everglades – Desafios e Oportunidades -, na tarde desta terça-feira, no plenário da Assembleia Legislativa.

Ao falar das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado em apoio ao meio ambiente e a produção sustentável, Reinaldo Azambuja citou a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) – o Estado saiu na frente na definição de um marco regulatório amplamente discutido pela sociedade e instituições de pesquisa – e a recuperação de dois milhões de hectares de pastagens degradadas, credenciando Mato Grosso do Sul como primeiro estado carbono neutro.

Ameaças vêm de fora

Em relação ao CAR, Reinaldo disse que 42,8 mil propriedades rurais foram inscritas (76.6% das áreas passíveis de cadastramento, representando mais de 23 milhões de hectares), e que a meta é chegar em 31 de dezembro deste ano com a totalidade dos imóveis. “O CAR vai proporcionar o aprimoramento das políticas de desenvolvimento sustentável do Estado”, completou.

Para o governador, as ameaças de degradação ambiental ao Pantanal – considerado oficialmente 85% conservado – vêm de fora, do planalto, onde a expansão da agropecuária sem critérios, a partir da década de 1970, gerou o desastre ecológico do Rio Taquari e coloca em risco a perenidade de toda a bacia hidrográfica do Alto Paraguai. “Devemos agir rápido para que o assoreamento e outros efeitos negativos não afetem outras regiões”, pontuou.

Homem pantaneiro

Reinaldo Azambuja reforçou posição já manifestada quanto a necessidade de se discutir apenas um Pantanal, integrando as ações entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e destacou a ampla discussão, na Assembleia Legislativa, de uma nova legislação de pesca, onde se avalia a proibição por tempo determinado da captura do dourado, um dos peixes nobres da bacia pantaneira. “Podemos inclusive incluir outras espécies”, sugeriu.

Ele falou da pujança e da força econômica do agronegócio para a balança comercial do País, acrescentando que o econegócio também poder ser um grande e vantajoso negócio, conciliando uma atividade lucrativa de forma sustentável e com racionalidade. “Se o Pantanal, que alia seu ambiente natural com a pecuária, é um dos biomas mais preservado, devemos isso ao homem pantaneiro”, sustentou.

O seminário, promovido pela Ong SOS Pantanal, será realizado também em Cuiabá, nesta quarta-feira, e em Brasília, na quinta-feira, com a proposta de promover uma ampla discussão sobre o turismo, a ocupação econômica, o diálogo de saberes e as possíveis parcerias em favor da construção de caminhos para o desenvolvimento e a proteção do Pantanal. O evento reúne estudiosos de outros biomas, como Okavango e Everglades.

Sem radicalismos

Ao abrir o encontro, o presidente da SOS Pantanal, Roberto Klabin, realçou o comprometimento do governador Reinaldo Azambuja na definição de uma política única para os pantanais de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Ele disse que o evento busca chamar a atenção para o Pantanal sem radicalismo dos mais diferentes setores, mas, sim, com um entendimento entre ambientalistas, produtores rurais e outros segmentos “para se construir um diálogo e, juntos, pensarmos o futuro da região”.

Presentes ao seminário o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Junior mochi; secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck; diretor-presidente do Imassul (Instituto de Meio Ambiente de MS), Ricardo Éboli; e representantes do Ministério Público, produtores rurais, pesquisadores, ambientalistas e estudantes.

Por corumbaonline