Julho ainda nem acabou, mas tem sido o mês mais desafiador para autoridades, profissionais de saúde e familiares que perderam seus entes para a Covid-19 em Mato Grosso do Sul. Das 257 mortes registradas desde o início da pandemia, 167 ocorreram somente em julho, conforme dados do boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) em 22.07.
O pedido para a população manter os cuidados com a higiene das mãos, utilizar a máscara de maneira correta, e principalmente fazer o isolamento social já está repetitivo. Mas a realidade é que muita gente ainda não leva isso a sério, e age como se a cura para a doença já tivesse sido descoberta. Em plena explosão do vírus no Estado, as festinhas clandestinas e aglomerações aos sábados e domingos tem sido manchete em todos os veículos de comunicação.
As taxas de recolhimento que vem sendo registradas seguem no mesmo nível das identificadas antes do vírus chegar ao estado, ou seja, o número de pessoas que já ficavam em casa normalmente em meados de fevereiro é o mesmo de agora. Enquanto alguns países já conseguiram reduzir consideravelmente a curva de contágio com medidas rígidas de isolamento social, no Brasil e também aqui no MS as taxas não passam dos 50% nem mesmo aos finais de semana.
Recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a possibilidade da transmissão do vírus pelo ar, reforçando a tese de que para prevenir a transmissão do novo coronavírus é preciso evitar contato social, usar máscaras de proteção, higienizar as mãos com frequência, evitar locais lotados, fechados e com pouca ventilação.
Até ontem (22) o Estado aparecia no cenário nacional com o menor número de casos e óbitos. Porém o avanço acelerado da doença por aqui, e a confirmação recorde de 1.503 novos positivos nesta quarta-feira, fez o Estado perder o status de menos casos, que pode indiretamente ter oferecido uma falsa sensação de ambiente seguro para a sociedade.
Outro indicador importante a se observar diariamente antes de sair por aí circulando sem necessidade é o das taxas de ocupação de leitos clínicos e leitos de UTI. Na macrorregião de Campo Grande por exemplo, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 94%, segundo a SES. Embora os gestores tenham buscado formas de ampliar a quantidade de leitos para oferecer atendimento digno à população, a velocidade de contágio tem promovido o aumento expressivo de pacientes que demandam esse tipo de atendimento no Estado.
A taxa de letalidade no Mato Grosso do Sul está em 1,4% e grande parte dos 257 óbitos ocorridos em MS é de pessoas que integravam o grupo de risco. Os testes das vacinas estão avançando, mas enquanto o martelo não for batido para a cura da doença, a única arma disponível nesta guerra é o isolamento social. Vale reforçar que os cuidados precisam ser redobrados aos que residem com pessoas que integram os grupos de risco.
Faltando apenas nove dias para o mês acabar, fica a reflexão sobre a responsabilidade social nessa guerra contra a Covid. Mudar essa situação e contribuir indiretamente para salvar vidas, que podem ser de rostos conhecidos ou desconhecidos, depende de cada um fazer a sua parte.